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Curiosidades

Conheça a maior viagem de moto do mundo

Publicado em 12.04.2024 |
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Já passou pela sua cabeça fazer uma viagem de moto, que duraria 10 anos? Conheça aqui a história do aventureiro Emilio Scotto.

emilio scotto

O Rei da estradas, como era chamado Emilio Scotto, conheceu várias cidades, culturas, pessoas numa longa viagem por incríveis 214 países e territórios, e assim deixou seu nome na história e no livro dos recordes mundiais (Guinness Book) como o autor da "Mais longa jornada em uma motocicleta da história".


 Tudo começou com seus 29 anos, 300 dólares no bolso e uma Honda Gold Wing 1100 Interstate, Emilio Scotto decidiu empreender na jornada que sonhava quando menino: "Sempre desejava dar uma volta ao mundo. Ou melhor, ir para todos os países onde havia um ser humano", lembra. "Em 14 de janeiro de 1985, partiu um menino inocente que não só não sabia como viajar, mas não tinha informações. O mundo era desconhecido", acrescenta.

emilio scotto 2Jovem Scotto e sua moto nomeada de ''princesa negra'' | Foto: Emilio Scotto/Arquivo pessoal.

 O principal incentivo e impulso para continuar, diz Emilio, sempre foi o povo. "Eles me ajudaram com combustível, troca de óleo ou me deram um lugar para dormir". Lembra que foi para os Estados Unidos e depois viajou para a Europa, 55 países da África e outros tantos na Ásia.

 Um dos primeiros obstáculos foi a falta  de documentação. "Eu só carregava um pedaço de papel que dizia "motocicleta modelo tal, com placa tal" e a carteira de motorista internacional, que venceu doze meses depois", reconhece. E ele continua: "Depois de um ano, a moto estava bastante avariada e eu inocentemente pensei que nos EUA, um país do primeiro mundo, eles me dariam tudo, mas eles não me deram nem bola".

 Nas terras norte-americanas, sentiu-se dentro de um filme de Hollywood. Na televisão de Nova York, nasceu o nome de sua motocicleta: "Princesa Negra". Os espectadores lhe doaram dinheiro para continuar e até conseguiram a ajuda de uma companhia aérea para atravessar o Oceano Atlântico até a Alemanha.

emilio scotto 3Scotto e a ''Princesa Negra'' na China | Foto: Emilio Scotto/Arquivo pessoal.

 Quando chegou ao Velho Continente, lhe sugeriram ir para o sul, para evitar o inverno. Ele foi para a Itália para ver Maradona e o camisa 10 argentino pagou a estadia por um mês. Sua viagem seguiu em 1987 pela Espanha, onde ele encontrou sustento econômico. "Levei as fotos que tinha tirado na estrada para uma revista e eles me pediram para escrever sobre minha viagem", diz o "Google dos anos 80", conforme definido pelo jornal britânico "The Guardian" para suas crônicas.

 Levou dois anos para viajar por toda a África: "Foi um caos. Peguei malária e quase morri, vivi a guerra no Congo, em 1989, escapei da Somália em um navio cargueiro e os piratas quase nos agarraram", diz, como alguém que atrasou para as festividades do 7 de setembro por causa de algum piquete. Ele voltou a reparar a "Princesa Negra" na Europa e depois continuou sua viagem em direção à Ásia. Foi nada menos que na Índia, no Taj Mahal, que ele se casou com Mônica Pino, sua noiva desde 1985, que havia deixado a Argentina e continuaram viagem juntos.

emilio scotto 4Ajuda de snowmobile | Foto: Emilio Scotto/Arquivo pessoal.

 Sua turnê continuou através das ilhas do Pacífico até retornar a Los Angeles: "Eu tinha feito apenas 190 países e não ia parar, estavam faltando alguns. Imediatamente eu comecei novamente, mas na direção oposta, pelo Japão". Depois da queda da União Soviética, muitas províncias que se tornaram países foram destinos pelos quais Emílio e sua "Princesa Negra" passaram.

emilio scotto 5Chegada ao Japão | Foto: Emilio Scotto/Arquivo pessoal.

 Em um navio de carga, ele percorreu a Islândia, a Groenlândia e o Polo Norte. Então ele voltou para o continente americano. "Foi o meu nono ano de viagem", lembra, quando começou a descer: visitou as 27 ilhas do Caribe, Equador, Peru e Chile, para finalmente chegar ao seu país, depois de passar por 214 países.

 "Eu entrei na Argentina através de Mendoza e na Alfândega eles retiveram minha moto porque eu só poderia ficar fora do país por um ano e tinham se passado dez anos", ele explica. Entre idas e voltas ele recuperou a moto e, longe de ficar cansado, começou a viajar pelo país. Em 2 de abril de 1995 ele entrou em Buenos Aires e foi ao Obelisco. "Eu fiquei na Argentina por um mês e depois viajei para a Espanha para fazer um fechamento simbólico da viagem naquele país que me deu tanto", diz ele.

 Há vinte anos, o livro Guinness lhe deu o  recorde. "Quando eles me chamaram de Londres eu não consegui acreditar.  Em 2002, eles me chamaram de ‘Rei da estrada’, diz ele”.

 "Quando desliguei a moto, perguntei-me, o que eu faço agora? Já tinha 41  anos e só sabia viajar. Eu tive um colapso", ele confessa. Depois de vários meses, ele voltou para os Estados Unidos, onde encontrou sua vocação: planejar viagens de aventura em motocicletas. “Atualmente, quando não estamos viajando, vivemos entre dois mundos: EUA e Argentina”.

emilio scotto 6Foto: Emilio Scotto/Arquivo pessoal.

Os números da viagem:

Foram 735.000 quilômetros rodados e sua moto, batizada de ‘Princesa Negra’ que hoje está exposta em um museu na cidade de Laughlin, em Nevada (EUA) consumiu:

- 42.000 litros de gasolina;

- 700 litros de óleo;

- 12 baterias;

- 9 assentos e

- 86 pneus.

Em um momento também teve o motor alterado.

emilio scotto 7A ‘Princesa Negra’ exposta em museu nos EUA | Foto: Emilio Scotto/Arquivo pessoal.


 E no fim de tudo, Scotto, com 59 anos, foi fotojornalista. Dentre as tantas histórias que tem pra contar estão passagens pela Nicarágua durante a guerra civil e duas prisões, uma como suspeito de espionagem no Burundi e outra por suspeita de carregar passaporte falso no Zimbábue. Ele também não conseguiu entrar com sua moto na Coreia do Norte e só conseguiu entrar  na China com a intervenção do moto clube de Pequim (os oficiais de  fronteira queriam cobrar ilegalmente sua entrada no país). Outro fato  curioso é o de ele ter recebido uma ajuda de USD 300 para sua jornada  pela África, de ninguém mais que o ditador líbio Muammar al-Gaddafi  (morto em 2011).

 A jornada de Scotto começou em 1985, quando ele, aos 29 anos, deixou um emprego na indústria farmacêutica e com USD 300 saiu pela primeira vez da Argentina. Esta viagem terminou em 1995. Hoje, ele é empresário do  turismo, escritor e conferencista internacional. Vive na Flórida (EUA) com a esposa, Monica Pino, com quem se casou em 1991, em Nova Delhi, na Índia. Ela foi sua companheira de estrada nos últimos 4 anos desta  viagem que curiosamente começou pelo Brasil, onde no Rio de Janeiro, em  sua segunda semana de jornada, lhe roubaram tudo.

Sem dúvida Scotto é inspiração pra muita gente que conhece(u) sua história. Ainda na entrevista, quando perguntado o que diria a alguém que quer percorrer o mundo como ele fez, o argentino responde: “não busque nada em Emilio Scotto. Não busque nada em nenhum viajante, nem em nenhum livro que tenha sido escrito por um viajante. Leia-os para divertir-se. Ninguém tem uma fórmula mágica nem ninguém pode ensinar como se pode fazer uma viagem ou como é um caminho, porque a única resposta válida é a que está dentro de você. Busque dentro de você e aí encontrará as respostas, você tem que saber como encontrá-las”.

Um pouco das histórias de Scotto estão no livro (me inglês) ‘The longest Ride: My ten-year 500.000 mile motorcycle journey’,

livroFoto: Reprodução/Amazon.com


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